Ali sentados, no topo da duna, com os primeiros raios de sol a aparecerem no horizonte, a aquecerem a madrugada fria, típica dum deserto, rodeados de tons de amarelo e cor de laranja, podíamos sentir um daqueles momentos condensados de felicidade, em que nos apercebemos da sorte que temos de estar ali e que a vida é mesmo bela.
Há certos sítios do mundo que por muito que os vejamos na televisão ou em fotos, nada nos pode realmente preparar para o primeiro contacto real. São sítios que qualquer viajante que se preze tem de visitar durante a vida. É assim com a Torre Eifel, Taj Mahal, Muralha de China e com um punhado de outros locais espalhados pelo mundo, não tantos quanto isso. Sossusvlei, as dunas do Deserto Namibe, na Namíbia, é um desses sítios.
De todos estes sítios mágicos, que provavelmente já foram catalogados por alguém numas 10 Maravilhas do Mundo, Sossusvlei é talvez um dos mais remotos e difíceis de chegar, sem falar do esforço financeiro. No Sul do continente Africano, com poucas ligações aéreas para a capital Windhowek, seguidas de 8 horas por estradas de terra batida, e com muito poucos alojamentos acessíveis à bolsa do comum dos mortais, para além de acampar, Sossusvlei é um sítio que temos mesmo de querer visitar. Mas as paisagens deste lugar mágico fazem valer a pena todos os buracos da estrada, o frio, o calor, a comida de campismo, o cansaço no fim da férias e o rombo no orçamento!
Ver o nascer do sol sobre as dunas em Sossusvlei é só para os mais duros. É preciso desafiar o frio do deserto Namibiano e despertar às 5h da manhã ter tempo de percorrer os 45 KM até à primeira grande duna, a Duna 45, e ao lá chegar, chegar ao topo, caminhando pela aresta da duna, cada vez mais alta, durante uns bons 20 minutos.
Lá em cima, depois de passar o momento mágico do nascer do sol, um pequeno almoço com vistas de primeira classe é merecido, e ao descer, um café é necessário para aguentar o resto do dia por vir, certamente ainda cheio de emoções fortes!
Sossusvlei propriamento dito está no fim duma estrada sem saída, que atravessa todo um mini vale estreito e rochoso, ladeado dos dois lados das famosas dunas laranja. A estrada começa em Sesriem, o ponto de entrada do Parque Nacional e onde se encontra o parque de campismo e umas bombas de gasolina (nota: as bombas de gasolina são como a linha de vida neste país, talvez ainda mais importantes que a própria água! Tão importes e espaçadas entre si, que todos os mapas do país indicam onde estão religiosamente). São 60km de estrada alcatroada num cenário incrível, que fizémos o mais depressa possível, gulotões de paisagens, com fome de chegar às dunas mais conhecidas. Os últimos 4 kilómetros são num trilho apenas para 4X4, que a muito custo fizemos, depois de nos termos atolado logo nos primeiros 500m e ser salvos pelos guias do parque que nos explicaram que mudanças colocar e como conduzir em areia profunda!
Mas Sossusvlei em si não se revelou a paisagem desértica, isolada, saída do Vale do Inferno que Jesus caminhou e que nós esperávamos. Apesar de ser um sítio incrível por si só, o que procurávamos não estava ali
Para esse cenário mais agreste e árido, aquele que vêm nos postais e nas imagens que nos vêm à cabeça ao falamos de Sossusvlei, com as árvores secas, terra árida e dunas douradas, é preciso caminhar um pouco e ir mais além e visitar Dead Vlei ou Hidden Vlei. Tivémos em Hiden Vlei, que foi, simplesmente, um dos locais mais incríveis e isolados onde já estive, carregado de energia e de um Je ne Sais quoi. Apesar de termos tirado fotos incríveis, não há imagem que possa vos transmitir a sensação de ter aquele lugar só para nós…Tenho a certeza que no fim da nossa viagem à volta do mundo, este sítio vai ser dos mais mágicos por onde passámos. Até ao momento, está no primeiro lugar!