Salta, la Linda, assim é conhecida a maior cidade do Norte da Argentina, a apenas 4 horas de distância da fronteira Boliviana.
Apesar de termos gostado bastante de Mendoza, com um ambiente bastante dinâmico, Salta foi a nossa cidade preferida na Argentina, em grande parte por ter mantido o seu ar colonial e arquitectura clássica, já que sofreu menos com os vários terramotos que afectaram a região nos últimos 200 anos.
Salta teve uma espécie de um boom turístico nos últimos 10 anos, com um governador que apostou forte na promoção da região, tentando criar um pouco de concorrência à zona da Patagónia, o ex libris da Argentina. Ouvi dizer que 90% dos turistas estrangeiros que chegam a Buenos Aires dirigem-se para Sul, ignorando o Norte da Argentina. É compreensível, porque com 15 dias de férias é impossível ver todo o país e a Patagónia é a atração principal principal! Mas posso vos garantir que os 10% que vêm ao norte não se arrependem!
Para além da cidade em si, Salta é ponto de partida para explorar as zonas áridas e montanhosas do Norte da Argentina. A zona de Cachi e Cafayate a sul são um dos itinerários possíveis, ou a Quebrada de Humuaca, a norte é outra viagem a não perder. Fizémos as duas, e tal como em Mendoza, preferimos alugar um carro para ter o máximo de liberdade no percurso. Conhecemos um casal de Americanos de Chicago, também a viajar à volta do mundo, e como nos entendemos muito bem à primeira alugámos um carro durante dois dias a meias e fizémo-nos a estrada para a primeira etapa da nossa roadtrip!
O itinerário do primeiro dia levou-nos de Salta até à terriola de Molinos, onde dormimos. Pelo caminho passámos em primero pela Quebrada de Escope, altura em que começámos a subir bastante, com a temperatura a descer bastante e o ar a ficar rarefeito. Foi o reencntro com as paisagens andinas a alta altitude, depois de termos atravessado os Andes de Santiago a Mendoza.
Antes de chegar a Cachi, a estrada começa novamente a descer, trazendo-nos a uma paisagem mais desértica, ao longo do Parque Nacional dos Cardones, uma zona árida coberta de Cactos Gigantes, tal como os vemos nos filmes de cowboys americanos! Após atravessarmos a recta TinTin, 25 km sempre a direito, chegámos finalmente a Cachi, uma terriola perdida no sopé dos Andes onde se pode apreciar a boa cozinha argentina, nomeadamente o Cabrito Assado!
O percurso de Cachi a Cafayate é o mais difícil, mas também o mais bonito. Ao longo duma estrada de terra batida, vamos atravessando paisagens agrestes e rochosas sucessivamente, onde as fotos não conseguem fazer justiça ao que os nossos olhos vêm e que o coração sente. Este é o coração do Norte Argentino, árido e selvagem, onde até as formas das rochas testemunham como a vida é difícil por aqui!
A chegada à Cafayate traz-nos um sentimento de Deja Vu, não seja esta a segunda maior região produtora de vinho da Argentina, depois de Mendoza, com algumas das vinhas plantadas à maior altitude do mundo! Como já tínhamos feito o circuito das vinhas em Mendoza, seguimos caminho pela famosa Quebrada de Cafayate não sem antes ter provado um dos pratos típicos argentinos, o chocro, uma espécie de sopa com vários tipos de carne, feijão e milho, que deixou sequelas no meu sistema digestivo pelo resto da tarde!!
A Quebrada de Cafayate é um palco de fundo ideal para uma roadtrip! A estrada aqui já é de alcatrão, e apesar de sinuosa por vezes, deixa-se conduzir agradavelmente, dando tempo a todos os passageiros para apreciar o vale e as paredes rochosas que nos acompanham sempre. A tonalidade vermelha das rochas, em contraste com o azul do céu e o negro do alcatrão cria um efeito visual lindo e a máquina fotográfica não tem descanso!!
Onde ficámos em Salta
Tivémos a oportunidade de trabalhar com dois hotéis em Salta.
Na primeira noite ficámos no Hotel Kkala, um hotel boutique na zona residencial fina de Los Tres Cerritos, na base da colina de Salta. Este é daqueles hotéis que dormir lá, por si só, é uma experiência, e não apenas um quarto. Com uma decoração colorida, elegante e de bom gosto, com artigos preparados por designers locais, passear pelas salas e corredores deste hotel é como visitar um atelier de um artesão de salta, com tecidos, esculturas e pinturas típicos da região. Gostámos particularmente das portas, forradas a madeira de cacto, bastante difícil de encontrar por ser protegida! O pequeno almoço, com vista pela cidade, com uma seleção de doces regionais incrível é também um dos pontos altos da estadia neste hotel. A localização do hotel, se por um lado traz-nos a um bom bairro residencial, calmo e seguro, por outro lado, para quem não tem transporte próprio, requer uma boa caminhada ou um táxi! Tirando este pequeno senão, este hotel de charme é fantástico!
No segundo dia ficámos num hotel completamente diferente o Hotel Del Virrey. Situado a 5 minutos a pé do centro, este hotel está alojado numa antiga residência de estilo colonial, o que dá um ambiente muito clássico à estadia! Gostámos particularmente do chá de coca disponível a toda a hora, para quem está indisposto com a altitude, e do jardinzinho na parte de trás, com uma pequena piscina para as tardes quentes de Salta!