Adoramos roadtrips! Sinceramente as melhores memórias da nossa viagem são de quando tivémos a liberdade de conduzir o nosso próprio destino, fazer os desvios que nos apetecia e parar onde fosse bonito. Foi assim na África do Sul, na Namíbia, na Austrália e na Nova Zelândia. Agora, no norte da Argentina estávamos outra vez ao volante para descobrir a Quebrada de Humahuaca, um vale montanhoso de cores incríveis.
Depois de dois primeiros dias de roadtrip em que visitámos a zona a Sul de Salta, era agora altura de partir para norte em direção à fronteira boliviana. Pelo caminho contávamos ver algumas paisagens áridas incríveis, próprias do deserto nortenho argentino.
Alugámos o mesmo carrito que não nos tinha deixado mal no último trajecto, e partimos com a mesma companhia, o casal americano, o Blair e a Lindsay. E como planeávamos seguir viagem para a Bolívia combinámos com a agência de aluguer de nos vir buscar o carro à fronteira boliviana, em La Quiaca. Há que dizer que duplicou o preço do aluguer, mas permitiu aproveitar ao máximo a viagem e os dois dias com o carro,para além de ser muito mais prático e de nos ter evitado despesas acrescidas de ter que voltar a Salta para entregar o carro, dormir e voltar a partir em transporte público em direção à Bolívia. Recomendo esta estratégia portanto.
Quebrada de Humuahaca
Este foi o nosso trajecto, com as caixinhas em azul mostrando as nossas paragens.
O primeiro sítio que parámos foi o Sierro dos 7 Colores em Purmamarca. Mesmo ao lado desta pequena aldeia poeirenta de casas de tijolos tipo barro, há um monte que por ter várias camadas de diferentes tipos de metal e pedra tem 7 cores distintas, o que cria uma imagem bonita, contrastando com a paisagen desértica e monocolor à sua volta.
Purmamarca em si não tem grande coisa para ver mas é uma boa base para comer, dormir e para comprar uns recuerdos, sobretudo para quem quem viajar em transporte público. Para além do Sierro dos 7 Colores, Purmamarca é o ponto de partida para provavalemte a estrada mais bonita que fizémos na Argentina, a par da descida dos Andes da fronteira Chilena para Mendoza. Esta estrada de montanha, levou-nos por uma paisagem grandiosa de cortar o fôlego até quatro mil metros antes de começar novamente a descer até às Salinas Grandes de Jujuy, uma espécie de parente pobre do conhecido Salar de Uyuni na Bolívia. Não é tão extenso, mas é muito bonito e pode-se tirar as tradicionais fotos que toda a gente conhece. Conselho: Não fiquem pela primeira paragem- saiam um bocado da estrada e tentem ver as salinas de vários ângulos. Foi o que fizémos e apanhámos uma zona que ainda tinha água das últimas chuvas que cria um efeito de espelho incrível.
Passámos uma tarde incrível aqui nas Salinas! Era já tempo de voltar para trás para Pumamarca, onde voltámos a apanhar a estrada principal para Tilcara, onde chegámos já ao anoitecer. Tilcara é uma vila muito maior que Pumamarca, e também uma boa base para explorar a região. (para quem viaja de transporte público pode ficar aqui e fazer uma viagem de um dia a Pumamarca e Salinas e voltar).
No dia seguinte continuámos a viagem até Humahuaca, uma outra pequena vila, do estilo de Tilcara e Pumamarca, com bastante oferta de restaurantes, alojamento e souvenirs. A maior atração desta vila é mesmo o El Hornocal, Sierro de los 14 colores (!!), uma montanha a cerca de uma hora por uma estrada em zig zag, de terra batida, sempre a subir, que nunca sabemos onde vai dar ou se estamos perdidos. Perdemo-nos uma ou duas vezes (convém perguntar sempre que se cruzam com alguém para estarem seguros do caminho), mas finalmente lá chegámos acima. Tivémos que pagar para poder entrar (já não me lembro quanto mas não muito) mas valeu tudo a pena como podem ver pelas fotos:
Já era meio da tarde e voltámos a Humuaca para fazermos as 2 horas que nos separavam de La Quiaca, na fronteira com a Bolívia e onde tinhamos que deixar o carro. A paisagem até lá continuou a ser incrível com mais do mesmo tipo de serras às cores. A altitude foi também subindo até ao nosso destino final: 3442. Era a primeira vez que iríamos estar a dormir a esta altitude e os efeitos começaram a sentir-se de imediato- cansaço, sensação de falta de ar, acordar a meio da noite com a respiração ofegante e estômago desregulado (e para a Hélène dores de cabeça em cima disso tudo). A partir deste sítio a coca foi a nossa melhor amiga!!
Ficámos contentes de ter podido descobrir este canto norte da Argentina que fica sempre em segunda plano comparado com o sul incrível da Patagónia e Ushuaia. O meu conselho é que tentam visitar este sítio em conjunto com a Bolívia. De Mendoza até La Quiaca, e depois seguindo para a Bolívia, há muitas paisagens incríveis que fazem deste canto da América do Sul um sítio único!
Onde ficámos
Em Tilcara dormimos no simpático Villa Nanim, um hostel/hospedagem alojado numa típica casa da região, de um andar, rodeada por um grande pátio. Está situada perto da praça principal, onde estão todos os restaurantes, mas fica numa rua muito calma, pelo que temos mesmo a impressão de estar a dormir no campo! Como uma vista para o vale montanhoso, é o género de sítio que há noite há uma fogueira à volta dos quais os hóspedes e os donos se sentam lado a lado e que ao pequeno almoço nos sentamos à volta da mesma mesa a partilhar planos e experiências de viagem com desconhecidos. Ezequiel o dono e a sua mulher são um casal jovem super simpático que fugiu de Buenos Aires para criar este projecto aconchegante. Venham sobretudo pela sua calorosa recepção e do ambiente hospitaleiro do sítio.
Declaração de interesses: Ficámos no Villa Nanim a convite do Ezequiel. Como sempre as opiniões aqui descritas são as nossas.