Porque é que vou largar(quase) tudo e dar a volta ao mundo

 

 

Tínhamos chegado aquela fase da vida em que comecámos à procura dum apartamento para comprar…. Falou-se com créditos para comprar um carro novo… Discutia com amigos o melhor sítio para investir as poupanças…Falava de salários, bonus e evoluções de carreira com os meus chefes. Os amigos à nossa volta começavam a casar e a ter filhos, e toda a gente perguntava quando seria a nossa vez…

Via a minha vida toda a desenhar-se à minha frente, como um caminho pré-traçado que nos suga e que não há deviação possível…

E apercebi-me que não queria seguir este caminho, pelo menos para já, e que a rotina do dia a dia, duma existência confortável e pacata,sabia a pouco e não me fazia feliz!

A perspectiva de assentar, comprar COISAS diz-me pouco. Tenho toda a vida para comprar casas e carros. Tenho a vida toda para pôr as minhas poupanças naquela acção, naquela conta ou naquele negócio imobiliário. Gastar dinheiro num sofá ou em gadgets tipo ipad, que daqui a 2 anos não valem nada,  traz-me zero felicidade e auto realização.

A perspectiva de “fazer carreira” e subir na corporate ladder, não me apaixona. O meu emprego de hoje, não é uma paixão, é um trabalho. Quero fazer algo da minha vida que acorde excitado para começar o dia de trabalho e que não veja as horas passar!

Casar é mais uma formalidade que outra coisa e há tempo para começar uma família, não vejo a pressa das pessoas.

Preciso dum freshstart. Preciso duma aventura, dum desafio. Preciso de algo mais que a rotina do dia a dia e dos bens materiais para me sentir realizado.

Não quero ter a sensação de não estar a aproveitar a vida ao máximo. Não quero chegar aos 70 anos e olhar para trás e ver uma vida sem sabor, dum Yes Boy, de ter sido mais um hamster na roda da rotina do dia a dia. Quero espremer ao máximo o tempo que vou passar neste planeta e beber cada gota do sumo da vida.

E é por isso que vou largar (quase) tudo, e vou dar a volta ao mundo daqui a alguns meses. Experienciar novas culturas, conhecer pessoas diferentes, ter conversas interessantes, aprender coisas novas, degustar novos sabores, ver paisagens de cortar a respiração. Crescer como pessoa. Explorar. Descobrir. Enfim, viver a vida e tudo o que ela tem para dar!

Porquê Quase? Porque não posso largar a minha namorada, que me atura há já 4 anos. Por isso também vem. Com a idade aprendemos que podemos sempre trocar de emprego, grupo de amigos ou país, com maior ou menor esforço. Mas não se troca de amor como quem troca de camisa. Aprendemos que melhor que viver a vida ao máximo só mesmo viver a vida ao máximo a dois, com uma cúmplice, que nos entenda, que nos escute, que nos ajude, que partilhe os bons e maus momentos. Enfim, que nos ame.

Em momentos de dúvida, pergunto-me se estou a fugir de algo? Das responsabilidades, do mundo real?

Sim admito, estou a fugir. Estou a fugir da ideia formatada do que é o mundo real. A fugir da norma em que não me revejo. A fugir do conceito que temos que sair da universidade, arranjar um trabalho, comprar uma casa, comprar um carro, começar uma família, tudo de afilada, sem pararmos para curtir a vida, para apreciar a liberdade que a juventude nos dá, sem créditos ao banco, sem obrigações familiares, adiando tudo para a reforma, que não sabemos se e quando vai chegar, ou se nós próprios estaremos por cá para a gozar.

Será que é algo que vou me arrepender quando fôr mais velho? Não. Sou um apologista do mantra cunhado por Mark Twain: “Twenty years from now you will be more disappointed by the things you didn’t do than by the ones you did do.. Explore. Dream. Discover.” 

Este grito do Ipiranga pessoal é tudo menos uma crítica às pessoas que escolhem o caminho standard. Não há nada de errado em começar uma família, de comprar uma casa. Tenho tantos amigos que o fazem e são felizes. Às vezes penso que gostaria de ser assim. De não ter esta wanderlust, esta vontade de partir e viver, de não ser um discipulo de Álvaro de Campos, e de querer sentir, vivenciar, experimentar tudo o que este mundo tem para oferecer!

Mas sou assim. E vou largar (quase) tudo e vou dar a volta ao mundo.

 

 

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