Em todas as viagens há sítios onde gostaríamos de ter passado mais tempo. Phnom Penh foi um deles.
Estávamos na Tailândia, a passar uns dias tranquilos em Koh Lanta, antes de nos dirigir-mos nas calmas para o Vietname, onde os pais da Hélène nos viriam visitar, quando nos apercebemos que iriam chegar 3 dias antes do que estávamos à espera. Mini pânico! Arranca para Bangkok, primeiro bus para Angkor Wat, de lá para Phnom Penh e de lá para Saigão.
Visto para o Vietname? Não se pode tirar na fronteira? Merda, tinha a ideia que sim! Money talks and the bullshit walks ! 90 doláress cada um, pagos a uma agência de viagens em Siem Reap, resolveu o problema. ( o dobro portanto) Ainda bem que tivémos uma super estadia em Angkor Wat para descansar de toda esta agitação.
E foi assim que Phnom Penh foi um pouco uma vítima deste lapso de planning. Felizmente já tinha estado aqui na minha última grande viagem, e as memórias são ainda muito vívidas, não tivesses esta cidade terrivelmente ligada ao seu passado histórico, durante os 4 ano do regime cruel dos Khmer Roue e do seu líder Pol Pot. Estou a falar mais precisamente de dois sítios que qualquer pessoa que venha ao Phnom Penh deverá visitar: o museu de Tuol Sleng, um antigo liceu tornado em local de tortura durante aqueles anos negros, onde cerca de 17 000 pessoas foram interrogadas sobre tortura, forçadas a denunciar parentes e amigos como inimigos do regime de Pol Pot, também estes presos e interrogados, e por fim, assassinados. Pensa-se que somente 12 pessoas das 17 000 pessoas que passaram por aqui sobreviveram…e este é um dos 150 centros que havia por todo o Cambodja, durante aqueles 4 anos de genocídio…
Da mesma maneira, um dos muitos Killing Fields, ou locais de execução, pode ser visitado em Choeung Ek, onde os presos de Tuol Sleng eram transportados para serem assassinados. Fica um pouco fora do centro, e o mais importante aqui, tal como em Tuol Sleng, não é o que se vê, mas sim o que se sente. Há uma atmosfera de tristez, de macabro no ar, e faz-nos pensar na crueldade e maldade que por vezes, durante breves períodos de tempo pode imperar neste nosso mundo ,que é na sua essência bom e belo. É um sentimento muito semelhante com o que sentimos quando visitamos Auschwitz, e imagino que o mesmo de quando visitamos alguns sítios do Ruanda por exemplo….
E são verdadeiramente estes sentimentos mistos que imperam a quem visita Phnom Penh. Por um lado temos estas lembranças dum passado atroz, surreal, especialmente para quem, após alguns dias de estar no Cambodja, toma contacto com o povo Khmer, tão simpático, acolhedor e gentil…como terá sido possível que esta gente tenha sido responsável e vítima de tanta maldade….
Acima de tudo, é preciso ver estes dois locais dos Khmer Rouge em primeiro. Depois, é preciso ir passear pela cidade e ver todos os outros sítios a ver, como o Palácio Real, o Pagode de prata, ou simplesmente passear pelas ruas, mercados e parques de Phom Penh, e observar e interagir com os Cambodjanos. Vai-nos limpar a alma e a mente das experiências traumáticas dos Khmer Rouge, e mostrar que no final, Phnom Penh é um sítio onde a bondade impera, e vale verdadeiramente visitar, nem que seja para ajudar esta gente a recomeçar de novo. Eles merecem.
Onde ficámos:
Na nossa breve estadi em Phnom Penh ficámos na Guest House the Artist, SUPER bem localizada, do outro lado da rua do Museu Nacional, a 5 minutos a pé do Palácio Real e das margens do rio onde tudo acontece em Phom Penh.
A decoração deste sítio tem um saborzinho a Paris ou Lyon, não fosse o dono um gaulês, que em tempos ficou retido meses a fio em Phnom Penh com um problema no joelho. Fez amigos e acostumou-se tanto a Phnom Penh que resolveu ficar, e criar um bocadinho de França por aqui. A guesthouse é também conhecida pelo restaurante que parece fazer dos melhores Hamburgers da capital cambodjana! (é o pai do done que é o chefe na cozinha!).
Declaração de interesses: Ficámos aqui alojados a convite do proprietário. Como sempre as opiniões aqui expressas são as nossas.
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