A palavra a quem é: fotógrafo profissional de viagens

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Umas das melhores coisas de se começar um blog e começar a publicar o que escrevemos, o que gostamos, onde fomos e o que que achámos, são os contactos e e as pessoas que acabamos por conhecer nesse trajecto. O Artur Cabral, um fotógrafo profissional,  foi uma das pessoas que conheci assim, na net, e desde então temos trocado várias ideias. Achei que seria uma boa ideia partilhar com os leitores do 125Azul alguns aspectos da sua vida de fotógrafo profissional de viagens, ( e de tudo o resto, para ajudar a pagar a renda!: ) e mostrar algumas das suas fotos que adoro!

Para mais informação e fotos podem visitar o seu website ou a sua página Facebook.

 

Olá Artur! Como é que te tornaste um fotógrafo profissional? 

Eu na verdade sou Arquiteto. Ou melhor, foi para isso que estudei e me licenciei. Mas após vários anos a trabalhar (e muito) em alguns ateliers, achei que queria mais, ou que queria algo diferente.

A fotografia foi algo que me acompanhou desde sempre, desde que tenho memória. Sempre vivi rodeado de álbuns de família, que via constantemente, ao mesmo tempo que começava a fotografar, com qualquer máquina que me pusessem nas mãos. Sempre de forma totalmente amadora e “automática”, lá ia eu treinando o meu olhar, a minha forma de ver as coisas, para depois as partilhar.

Foi um bocado por aí, que comecei a querer mais, a querer melhor. Experimentei fazer uns workshops de fotografia, em estúdio. Comecei aí a mexer na máquina, a tirá-la do automático e fazer com que fosse eu a definir o que queria da foto, e não a maquina a faze-lo por mim.

Comecei a fotografar mais, e melhor, o que começou a atrair algumas pessoas, curiosos, entusiastas e finalmente clientes.

Juntei a isso o facto de estar a ficar saturado da vida que levava na altura, e optei por me afastar da arquitetura, ou melhor, da vida de atelier, para me dedicar à fotografia.

Aconteceu há cerca de 4 anos, e cá continuo eu, agora fotográfo a tempo inteiro. Trabalho como freelancer, que faz com que umas vezes tenha mais trabalho do que outras. Nada é certo, mas cá vou seguindo!

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Que tipo de fotografia fazes?

Se a pergunta é que tipo de foto gostaria de fazer, sem dúvida seria apostar tudo na fotografia de viagem, numa vertente documental ou até mais turística. Acho que é tão importante mostrar o que há de bom nos lugares por onde passo, como mostrar a realidade das coisas, as experiências que se vivem.

Mas na prática, falando do que eu faço ao certo. Bem, um pouco de tudo.

Vou fotografando o que me vão chamando para fotografar. Quer seja na área da moda, do retrato, cobertura de eventos, produto… Com uma ou outra viagem pelo meio!

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Costumas trabalhar com algumas publicações de viagens?

Eu não sou propriamente um fotógrafo profissional de viagens, no sentido em que (ainda) não tenho quem me pague para ir!

Tenho feito bastantes tentativas nesse sentido, mas ainda não se proporcionou nenhuma viagem assim. Mas há uma ou outra possibilidade no horizonte!

Até agora, tenho feito as minhas viagens, definidas e patrocinadas por mim. No regresso, tento escrever, mostrar, partilhar as minhas imagens, na tentativa de cativar potenciais interessados, e então rentabilizar a viagem, com a venda das minhas imagens.

E foi assim que consegui entrar nas publicações da revista “Volta ao Mundo”. Depois de alguma insistência da minha parte, consegui reunir com eles e formalizar o interesse em adquirirem e publicarem algumas reportagens fotográficas apresentadas como meu portfólio. Tenho também conseguido algumas publicações e entrevistas em blogues de viagens e/ou fotografia.

Através de exposições que tenho feito, tenho conseguido também vender algumas imagens para decoração de espaços e ambientes, ou utilização em campanhas publicitárias.

 

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Que destino está no topo da tua bucket list, para fotografares?

Ando a pensar muito na Etiópia. País fascinante pelos seus ambientes, mas acima de tudo pela quantidade e diversidade de tribos nativas, que ainda vivem bastante agarradas às suas tradições. Quero lá ir e passar algum tempo com eles, ganhando confiança que me permite aproximar e captar da melhor forma os seus traços e rostos marcados pela vida.

Mas basicamente gostava de ir a qualquer lado, viajar por todo o mundo!

Aliás, até tenho pensado nisso mesmo, em fazer uma viagem à volta do mundo.

Tenho que me concentrar nisso, e arranjar forma de o fazer.

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Conta-nos acerca da tua ultima expedição fotográfica?

Estive agora em Abril em Marrocos. Foi uma semana apenas, a percorrer o país. Combinações de última hora, com uns amigos que me desafiaram a ir com eles. Não ia com grandes planos ou espectativas, nem sabia muito bem o percurso que iríamos fazer. E isso deu-me algum gozo.

Sabendo de antemão que o povo árabe não adora fotografias, sabia que ia ter algumas dificuldades para fazer os meus retratos que tanto gosto. Levei muitas negas, claro, mas lá pelo meio sempre se arranjou quem se deixasse fotografar, levando depois ao sorriso cada vez que virava a câmara e lhes mostrava as fotos. Adoro isso!

Depois Marrocos é bastante fotogénico. Paisagens naturais brutais, com bastantes contrastes entre o deserto, as montanhas, as manchas verdes dos oásis que serpenteiam os calhaus envolventes, seguindo as linhas de água. E as cidades, com os seus “kasbahs”, as suas medinas de ruas estreitas e cruzamentos apertados, repletos de cores e cheiros!

Muito bom.

 

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Quais foram os sítios que mais te marcaram, enquanto fotógrafo ?

Adoro a Tanzânia!

Até aos meus 3 anos, passei bastantes meses por lá, mas claro que daí não há grande memória. Mas cresci a ver programas de vida selvagem, a ver e ouvir histórias daquelas savanas de perder de vista, e da fantástica cratera de um vulcão que entretanto se tinha transformado também ela num santuário de vida animal.

Voltei lá entretanto, já 2 vezes, enquanto fotógrafo, e apaixonei-me ainda mais. É simplesmente brutal. Tem de tudo aquilo que eu gosto de viver, ver e fotografar. As pessoas, as muitas tribos nativas, de onde destaco o povo Maasai, os animais pelos parques e reservas naturais, a fabulosa cratera do Ngorongoro, meu local de eleição desde criança.

E depois, sabe bem terminar umas semanas de aventura com uns bons mergulhos nas águas quentes e transparentes de Zanzibar, ilha ao largo da capital Dar es Salaam .

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Tens alguma tematica preferida quando fotografas?

 

Eu gosto muito de retratos próximos.

De captar emoções e sentimentos pelas expressões faciais, pelos olhos. Depois também adoro fotografar animais, vida selvagem. Aliás, esse foi um dos motivos pelos quais eu comecei a escolher sempre África para as minhas viagens! Os animais puxaram-me; as pessoas, as cores, os ambientes, os contrastes, agarraram-me definitivamente!

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Que equipamento fotográfico utilizas?

Neste momento tenho 2 corpos Canon, uma 5D mark III que uso mais regularmente, e uma 7D que utilizo quando necessito de mais zoom e/ou maior rapidez de disparos (como nos safaris).

Em relação a lentes, tenho uma fixa EF 35 f/1.4L USM, a EF 24-70 f/2.8L II USM e a EF 70-200 f/2.8L IS USM.

Depois também costumo viajar com uma GoPro. Neste momento tenho uma Hero 3+ silver

 

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Algumas dicas para pessoas que gostariam de começar a tirar melhores fotos?

A primeira coisa que digo, é que mais importante do que a máquina em si, é quem está por trás dela. Podes ter a melhor máquina do mundo e não conseguir fazer nada com ela, ao mesmo tempo que com um simples telemóvel ou maquina compacta consegues tirar umas boas fotos.

Assumindo isso como dado adquirido, e falando de máquinas, é bom que seja uma que permita fotografar em modo que não apenas o automático. Não digo para se aventurarem logo em modo manual, mas Av ou Tv, modos de prioridade à abertura e velocidade, e explorar por aí. Perceber os jogos de foque e desfoque que se conseguem obter, definindo a abertura que se quer para cada ocasião e cada foto, ou captar arrastamentos e congelar movimentos, definindo e jogando com a velocidade.

Em relação a modelos de máquinas a comprar, eu falo sempre dos da Canon, não porque sejam melhores, mas porque são os que conheço. Basicamente a compra de uma máquina vai depender sempre do valor que se pretende gastar. Aconselho sempre para verem os modelos mais recentes, dentro de cada gama.

Nas lentes, o versátil é inimigo da qualidade, mas percebo que para maior parte dos utilizadores que não vão querer estar a carregar com varias lentes, e estar sempre a mudá-las, uma 18-200 ou algo do género seja o mais aconselhável. Depois tens sempre a lente fixa 50 f/1.4, que pelo preço tão  acessível quase que se torna obrigatória, permitindo experimentar os tais jogos de aberturas, conseguindo uns resultados engraçados!

 

 

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