Para os rookies em safaris, como nós éramos, planear uma visita ao Kruger não é uma coisa evidente, já que há vários tipos de alojamento e sítios onde ficar. Simplificando a coisa, são 3 os diferentes tipos de sítios onde podemos ficar quando vamos fazer um safari no Kruger:
1) Ficar fora do parque, num sítio como Nelspruit ou Hazyview, como nós ficámos. Esta alternativa é a ideal para quem não planeia com antecedência e para quem quer mais escolha de alojamento, tanto para coisinhas melhores como mais básicas.
2) Ficar dentro do Parque. Esta é sem dúvida a melhor opção, dentro dum budget mais limitado, para se poder estar o mais perto possível dos animais, especialmente ao nascer e pôr do Sol. Esta é a única maneira de chegar às horas mais frescas aos melhores locais, já muito para dentro do Kruger, longe de mais para quem fica fora do parque e só pode entrar ao nascer do sol e tem de sair ao fim do dia.
3) Ficar numa Reserva Privada, ainda dentro do Parque do Kruger. É o caso da Balule Private Game Reserve, ou Sabie Sands, onde não existem quaisquer barreiras para a parte pública do Parque, mas onde nenhum carro privado pode circular. Ou seja, só as pessoas que ficam nos lodges podem visitar o parque e somente os Jeeps dos lodges que existem dentro destas reservas podem circular à procura de animais. A grande diferença mesmo é que todos os jipes estão em contacto uns com os outros via rádio, ou seja, quando se avista um animal, é comunicado aos outros grupos a localização para que também eles possam disfrutar, o que aumenta exponencialmente a probabilidade de ver animais. Para além disso, ao avistar um animal, os jeeps podem ir off road para chegar mesmo ao perto, e não ficar a dezenas de metros de distância como muitas vezes acontece no Kruger. Ou seja, esta é a melhor opção para quem tenha o orçamento.
Tivémos a sorte e oportunidade de sermos convidados para um destes Private Game Reserves, mais propriamente o Masodini Game Lodge, um lodge de luxo no interior da Balule Private Game Reserve. Foi uma experiência de sonho, luxosa, como vemos nas revistas de viagens, digna duma lua de mel! (Será que estarei a dar ideias à Hélène!?! 🙂 )
O que mais gostei deste Lodge, para além de ficar mesmo no meio da reserva claro, ao pé dum pequeno lago onde os animais vêm à noite e ao amanhecer beber água, é o ambiente íntimo e amigável que se estabelece com a dona, a Sra. Sabine, o staff e com os hóspedes. O jantar é tomado no exterior, numa longa mesa onde todos se sentam e discutem as suas histórias de safari, as suas expectativas e histórias de viagens antigas. Na noite em que ficámos, todos os outros hóspedes eram alemães (a proprietária é alemã, o que talvez explique), mas durante toda a refeição falou-se educadamente inglês. A Sra. Sabine de vez em quando traduzia uma ou outra história em alemão, já que nem todos os hóspedes eram totalmente fluentes. Claro que nós, bloggers de viagens e a viajar à volta do mundo fomos a atração da noite, e foi agradável contar a nossa história, onde já tínhamos estado e onde iríamos ir ainda!
Durante a refeição, um dos hóspedes habituais veio-se juntar a nós, uma espécie de rato/esquilo/morcego, que vem, todas as noites, religiosamente comer um iogurte Depois do jantar, sentámo-nos à volta da fogueira, e a conversa continuou agradávelmente até que um a um todos os hóspedes se retiraram para as suas casinhas individuais, para ter descanso suficiente antes do despertar madrugador para o safari do dia seguinte! (não incluído no preço da estadia. Cada Safari, num jipe com guia privado custa à volta de 400 rands, ou 28 euros por pessoa).
O dia seguinte começou cedo. Ainda antes das 6 já estávamos todos instalados no jipe, conduzidos pelo nosso guia, um senhor já bem nos seus 60s que parecia ter vivido no Kruger toda a sua vida. Os trilhos na Balule Private Game Reserver são super agrestes, apenas próprios para jeeps com trações às 4 rodas. Saímos com altas expectativas de ver de perto leões e ver pela primeira vez rinocerontes no Kruger. Mas à media que a manhã decorria, incrivelmente, não vimos quase nada! Foi daqueles dias de azar! Mas quase no fim das 3 horas de safari, finalmente tivémos duas experiências mágicas, apenas possíveis a quem faz um safari numa reserva privada. A primeira foi a possibilidade de sair do jipe, a pé (algo totalmente interdito no Kruger público) e ver de perto, a 4 metros, hipópotamos1 Eles na água, nós na margem, algo que pensava ser super perigoso, mas não. Apesar dos hipopótamos serem o animal selvagem responsável por mais mortes humanas em África, quando não estamos entre eles e a água ou entre eles e as crias, são inofensivos!
Depois, já no caminho de volta para o Lodge, avistámos um rinoceronte lá ao fundo, no meio da mata. Como estávamos numa reserva privada, o guia pôde ir com o jeep, mato a dentro, por entre arbustros e ramos de árvore,mesmo ao lado do rinoceronte, que se revelou ser uma mãe e a sua cria! Infelizmente aproximámo-nos um pouco de mais, e fugiram sem termos tido tempo de tirar uma boa fotografia. Fica esta para recordação!
Não podemos deixar de recomendar, a quem tenha possibilidade, uma experiência num safari privado, no Kruger. Para além da qualidade do Lodge, e do ambiente super cosy e amigável que um lodge como o Masodini pode providenciar, a possibilidade de fazer um safari numa reserva privada e com a oportunidade de se aproximar de perto dos animais é algo que vale mesmo a pena, e que compensa o premium em termos de dinheiro, especialmente para quem venha uma vez na vida a África fazer um safari!