Imaginem uma ilha. Imaginem paisagens mediterrânicas de praias e colinas. Agora imaginem o Médio Oriente e o sul de Itália. Levem a banho maria, mexam devagarinho durante uns bom séculos. Adicionem uma pitada de Inglaterra e um je ne sais quoi. Et voilà, Malta!
É mesmo essa a sensação ao chegarmos a esta pequena ilha mediterrânica, por baixo da Sicília. Ao pegar no carro alugado, de volante à direita, imaginamo-nos em Inglaterra. Há mesmo as conhecidas cabines telefónicas vermelhas por toda a ilha! Ao conduzirmos pelas vilas maltescas, a arquitectura baixa com linhas onduladas, as palmeiras e um ligeiro sub desenvolvimento/desarrumação faz-nos lembrar o Médio Oriente. Depois as inúmeras igrejas em cada terriola e a capital Valetta, com a sua arquitetura de travos italianos, trazem um gostinho de Europa. A comida, com massas e grelhados idem. Mas os sons da língua local leva o nosso imaginário de volta para o Médio Oriente: bastante arranhada, tem como base o Árabe, mas com metade das palavras vindas do Italiano e também com muitas influencias inglesas.

Esta mistura de culturas e influências tem origem numa história rica em invasores. Situada no meio do mediterrâneo, Malta sempre foi um ponto de passagem estratégico entre o do Sul da Europa e Norte de África. Romanos, Cartagineses, Fenícios, Árabes, Sicilianos, Espanhóis, Italianos, Turcos, Franceses e Ingleses, todos passaram por aqui e deixaram, de alguma forma, as suas marcas e influências. Podes-se dizer que, provavelmente, Malta é o original Melting Pot!
Marcámos a viagem last minute. Deprimidos com o tempo de Inverno, precisávamos um miminho de uma escapadinha que não arrombá-se o cofre. Começámos a ver voos low cost de Nice ou de Marselha, e deparámo-nos com um voo da Ryanair, estupidamente barato. 90 euros, idas e volta, para duas pessoas! O Hotel, o mesmo, tipo 20 euros pelas 2 noites e o aluger de carro, 15 euros por dia! Malta, à semelhança de muitos destinos Europeus de praia, têm uma estrutura para o turismo de massa, sobretudo inglês, nos meses de Verão, mas que fica completamente às moscas no Inverno, o que torna os preços bastante em conta!

Com dois dias e meio na ilha, tentámos descobrir o máximo possível. Munidos dum carrito class mini, limite papa reformas, percorremos todo o centro e norte da ilha. ( e conseguimos sobreviver a conduzir pela esquerda!)
O primeiro dia foi o dia cidades: começámos cedinho e visitámos Valetta de manhã. Perdêmo-nos pelas ruas da pequena e pitoresca capital, com o seu empedrado branco, as suas lojas típicas, de outro tempo, e as suas varandas em madeira colorias. Valeta é uma cidade fortificada, rodeada pelo mar em 3 lados, e com muralhas em toda à volta, construídas expressamente pela ordem de Malta para proteger a ilha, e a Europa, dos ataques Turcos, que quase conquistaram a ilha em 1576. Toda a cidade é Património Mundial da Unesco. Almoçámos a sandwiche tipica maltesa, o hobz biz-zjet, um pão redondo, com atum, azeitonas, anchovas, alface, tomate, cebola e azeite-enorme e bom!

À tarde passeámos pelas 3 vilas que observam a capital do outro lado do porto: Senglea, Cospicua e Vitori, com uma arquitectura parecida à de Valetta mas num ambiente mais cosy e tranquilo. À noite fomos visitar o party place da ilha, Saint Julian’s, com muitos bares e restaurantes por onde escolher.
O dia seguinte, foi o dia roadtrip, pelo Norte da ilha, no Parque Il Majjistral, com paisagens verdes e falésias escarpadas sobre o Mediterrâneo, antes de apanharmos o ferry para Gozo, uma pequena ilha muito mais pacata e rural que Malta, perfeita para conduzir e se perder. Entre Malta e Gozo há uma ilha minúscula chamado Comino, conhecida pelo Blue Hole, ao que parece um spot óptimo para fazer mergulho ou simplesmente chapinhar- bom para quem visita no Verão!

Chegámos a Gozo ao fim da manhã e atravessámos calmamente a ilha, parando para almoçar em Victoria, a povoação principal de Gozo, com vistas amplas por toda a ilha, onde comemos um coelho e uns raviolis óptimos e provavelmente a pior sobremesa que alguma vez provámos, Ħelwa tat-Tork, uma espécie de torrão de alicante mole feito à base de sementes de Sésamo-amargo como óleo de fígado de bacalhau, esta sobremesa foi certamente um presente envenenado deixado pelos Turcos que não conseguiram conquistar a Ilha- a provar por vossa conta e risco!

Prosseguimos viagem, rodeados de paisagens agrícolas verdes e de pequenas aldeolas, sempre com as suas igrejas a quebrarem o horizonte, em direção à Janela Azurre, um penhasco no norte de Gozo, em forma de arco, que cria uma paisagem espectacular sobre o mar. Antes de voltarmos à ilha de Malta ainda tivémos tempo de fazer um desvio ao fim do dia e visitar as saleiras de Żebbuġ, no norte da Ilha, ao pé da decadente estância balnear de Masalforn.

A manhã do último dia, ainda deu para vistar Medina, a antiga capital de Malta, a caminho do aeroporto. Esta cidade, um misto de arquitectura barroca e medieval, é conhecida como a cidade silenciosa, com todo o mérito. Com apenas 300 habitantes, é uma povoação com pouca vida própria, sendo antes de mais uma atração turística que vale a pena visitar!

Um dos destino preferidos dos ingleses, que invadem a ilha todos os anos, fugindo do british weather deprimente, Malta é um destino fora do comum para pessoal do Sul da Europa como nós. E é pena porque vale mesmo a pena! Pela riqueza histórica, pela comida, pelas pequenas cidades e vilas pitorescas, pelas águas quentes do Mediterrâneio e pelo exotismo e mistura de culturas.
No Verão imagino que seja um Algarve ao quadrado, mas durante a Primavera e o Inverno pode-se desfrutar da parte cultural/paisagem da ilha com um tempo aceitável. Junho ou Setembro deverão ser as melhores alturas para também poder desfrutar das águas quentes do mediterrâneo. O mais difícil é mesmo encontrar voos em conta de Portugal. Uma simulação skyscanner dá-me valor à volta dos 200 e tal euros! Mas a Ryanair e a Easyjet voam para a ilha, por isso fazer um itinerário via Londres, pode ser uma possibilidade. Ou então tentar encontrar um pacote promocional num operador inglês que inclua voo e estadia- pode ser que encontrem um bom negócio!
Já estiveste em Malta? O que gostas-te mais? O que viste e recomendas que não relatei aqui? Não sejas tímido/a, deixa um comentário! 😉