Numa experiencia única como é uma volta ao mundo, em que partimos 11 meses a descobrir novos sítios, culturas e gentes é normal chegarmos ao fim e perguntarmo-nos qual foi a maior lição da viagem. Que aprendemos. De que maneira somos diferentes. Como melhorámos enquanto pessoas. (se melhorámos claro…)
Diz o cliché que viajar é das melhores maneiras para encontrar o sentido da vida…
Tretas.
Se há coisa que aprendi a viajar é que cada um é mestre do seu destino e de onde encontra sentido na sua vida . A palavra encontrar está intimamente associado ao acaso, à sorte. Pôr a nossa vida deliberadamente nas mãos do vento do aleatório parece, no mínimo, irresponsável e de uma maneira geral, pouco ambicioso. Ao viajar e ao encontrarmos pessoas incríveis, com histórias de vida interessantes e projectos realizados que são no mínimo inspiradores, vemos imediatamente que não há nenhum acaso na vida daquelas pessoas. Foram responsáveis pelo seu sentido de vida, criaram-no, não o encontraram.
Agora que resolvemos esta questão existencial, qual é a maior lição a tirar depois de dar a volta ao mundo? Antes de mais há que clarificar que cada viagem é única para cada viajante, porque cada itinerário, cada história,cada pessoa que conhecemos é única a cada viagem. E não só. Nós também somos únicos. A lente com que vemos o mundo é só a nossa: duas pessoas a viver exactamente a mesma experiência ficam com opiniões completamente distintas (exemplo: eu adorei Moçambique com toda a história e cultura associada a Portugal. Para a Hélène foi simplemente o país mais pobre da nossa viagem onde penduram cabeças de vaca a pingar sangue à beira da estrada para mostrar que a carne é fresca!).
Esta lente com que cada um vê o mundo e depois processa a informação é obviamente também afectada pela fase da vida em que estamos.A maneira como me senti e me influenciou a minha grande viagem anterior, há já 6 anos, não tem nada a ver com as lições tiradas agora. Na altura era um “jovem inoncente”, com pouca experiência de vida, na fase do tá-se bem, deixa andar. A idade e (alguma) experiência de vida fazem-nos ver que o relógio da vida está a contar, não para, não espera por nós. Infelizmente também nos põem em contacto com episódios menos bons que evidentemente influenciam a nossa maneira de estar e ver a vida.
A grande lição desta viagem poderia ser que não devemos ter medo de arriscar algum tempo e dinheiro da nossa curta existência, mesmo que pareça muito, para fazer novos projectos que ambicionamos e que nos possam fazer felizes e realizados, que na nossa velhice olhemos para trás e que nos façam sentir que verdadeiramente vivemos a vida a valer! (a tal história de mais vale viver um dia como um leão do que a vida inteira como uma ovelha).
É um pouco mais que é isso.
Acho que a verdadeira lição desta viagem está na urgência da vida, de viver, de fazer todos esses projectos que nos façam felizes e realizados HOJE.
Porque não sabemos o dia de amanhã.
Se há algo que esta viagem me mostrou foi a fragilidade humana, não só a nível físico, como o que se passou em Hanói comigo, mas acima de tudo a nível mental, como a tragédia que se passou em São Paulo com o meu primo. E se não for o nosso corpo a pregar-nos uma partida, há sempre o destino, Deus ou o que lhe quiserem chamar para nos chamar mais cedo (como o meu instructor de mergulho em Tofo, um tipo 5 estrelas, que num dia estava a mergulhar comigo no meio de raias gigantes e passado uns meses estava morto num acidente de carro em Moçambique).
Não deixem para amanhã o que podem fazer hoje, porque amanhã podem não ter oportunidade de o fazer ou, talvez ainda pior, terão que viver com o remorso daqui a 50 anos de nunca o terem feito.
Tirem essa sabática com que andam sonhar, façam essa viagem, comecem essa startup que vai ser o próximo Facebook ou simplemente um cabeleireiro para caniches. O que quer que seja.
Fazendo jus ao nome deste blog, utilizando e moldando a letra do 125Azul:
“Saquem do vosso passaport para sonhar, selem a vossa 125azul e abalem sem destino nenhum, vivam o espaço que vos fica pela frente e que não vos deixa recuar, sintam desafios que nunca ninguém sentiu”e de certeza que se vão encontrar.
(clicar para ouvir a música 125azul)
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