Há cidades em que sentimos o peso da história ao passear pelas suas ruas, ao atravessar as suas praças, em cada monumento, a cada esquina. Pensem Roma, pensem Jerusalém. Cusco é assim também.
Cusco foi a cidade que procurava depois que metemos o pé na América do Sul. Depois do Chile, Norte de Argentina e finalmente Peru, buscava uma cidade marcadamente colonial, bem preservada, com muita história mas também com uma boa oferta de serviços e restaurantes, para se poder considerar uma boa base para fazer um chill out de alguns dias, entre actividades turísticas e culturais. Salta foi agradável, Arequipa uma boa surpresa, mas somente Cusco foi o sítio em que nos dissémos ” De todas as cidades que já viistámos na América do Sul esta seria uma que poderíamos viver alguns meses”. E acho que isto diz tudo acerca da antiga capital do Império Inca, na altura chamada de Cosco, que na língua Quechua quer dizer centro do mundo, já que ficava exactamente no meio da vasta área ocupada por esta gente, que se estendia da Colômbia até ao Chile.
E apesar dos espanhóis terem destruído a antiga cidade Inca quando aqui chegaram, especialmente os seus templos, que transformaram em igrejas e catedrais, e as fortalezas para reutilizar as pedras, pode-se ainda ver um pouco por todo o centro da cidade vestígios de arquitectura Inca, na base de muitos edifícios coloniais. Esta é a derradeira homenagem à arte do pedreiro Inca, que sem conhecer a tecnologia da roda ou do ferro conseguiu criar construções maciças de granito, em blocos enormes, geometricamente alinhados, sem precisar de qualquer tipo de argamassa ou cimento. Tal era a qualidade destes edifícios, inexistente mesmo na Europa, que os espanhóis aproveitaram as fundações das construções Incas para a nova cidade de Cusco, o que faz com que esta cidade colonial seja única na América do Sul, com uma mistura de estilos arquitectónicos indígenas e coloniais.
Cusco é certamente a cidade Sul Americana que mais turistas atrai. Normalmente a primeira viagem de qualquer turista à América do Sul é para ver a sua maior atração, neste caso Macchu Picchu. Isto faz com que a cidade viva essencialmente de turismo, especialmente no centro histórico, onde cada porta é um restaurante, uma agência de viagens, um hotel, uma loja de souvenirs, um bar ou um loja de roupa de Alpaca! Há ofertas para todo o tipo de estilos de turistas, para todas as bolsas, desde o backpacker até ao turista reformado americano.
O que fazer em Cusco?
Acima de tudo, a primeira coisa a fazer quando se chega a Cusco é nada, especialmente para quem acaba de chegar de Lima. A 3600 metros de altura, Cusco está a uma altura suficientemente elevada para se sentir os efeitos da altitude nos primeiros dias: cansaço, dores de cabeça, aparelho digestivo desregulado, falta de ar, sono agitado. Ou seja, no dia da chegada deve-se descansar e no seguinte passear calmamente pelas ruas de Cusco, enquanto se preparam os próximos dias. Há essencialmente três coisas a planear em Cusco:
- A chamada City Tour que consiste na visita dos vestígios Incas na cidade de Cusco e ao seu redor. O apogeu desta visita é a fortaleza de Sacsayhuaman, para além da Catedral de Cusco na praça Principal. Há preços para todas as bolsas, especialmente para quem faz visitas guiadas privadas, mas o preço standard para quem faz uma visita guiada de grupo não deverá exceder os 25 Soles por pessoa.
- A visita do Vale Sagrado, que permite visitar três das ruínas Incas mais importantes: Pisac (e o mercado), Ollantaytambo e Chincheros.
- A visita a Machu Picchu, que pode ser combinada com a visita ao Vale Sagrado, ou pode ser feita separadamente (num trek, de bus ou de comboio- explicarei em mais detalhes num dos próximos artigos).
Cusco é acima de tudo uma base para explorar o coração do Antigo Império Inca. Nos intervalos destas visitas aproveitem para descobrir os cafés e restaurantes de Cusco, e claro, comprarem as vossas souvenires!
Onde Recomendamos comer em Cusco
Há centenas de pequenos restaurantes no centro de Cusco, muitos deles com técnicas comercias agressivas, a tentar sacar turistas da rua enfiando-te um menu na cara! Normalmente são estes os restaurantes de qualidade duvidosa, mas que podem ter preços interessantes, especialmente se pedires um menu, que pode custar apenas 15 Soles. Fomos a alguns destes restaurantes quando queríamos comer algo rápido e barato. Mas nos 4 dias em que passámos em Cusco, houve três restaurantes onde fomos, gostámos e recomendamos:
Jack’s Café- um sítio para comer umas sandwiches torradas enormes e deliciosas a preços convidativos
Sumaqcha- Este sítio vale a pena pela simpatia do dono e é um sítio para provar a iguaria local, o Cuy, ou porquinho da India no forno! Provei e bom, está provado! Vale a pena experimentar, não é mau.
Cicciolina- Este é um restaurante In de Cusco e vale a pena ir lá para celebrarem o vosso regresso de Machu Picchu. Tem óptimos pequenos almoços, bons cocktails e boa comida. O osso buco é delicioso!
Onde ficámos em Cusco
Não podíamos ter ficado num melhor sítio numa cidade colonial como Cusco que numa antiga casa colonial. O Tambo del Arriero é um hotel boutique alojado numa antiga hospedagem do séc. XVII, que já na altura alojava viajantes que viajavam pelo Vale Sagrado com as suas caravanas de mulas em negócios! O edifício foi tendo vários donos e usos até que em 2007, já num estado de quase abandono foi resgatado por uma família de Cusco que se dedicou a reconstruí-lo, segundo as suas linhas originais, com o objectivo de criar um hotel para os novos viajantes, em busca de conforto, bom gosto e, ao mesmo tempo, autenticidade.
Este Hotel Boutique tem tudo para tornar a estadia em Cusco ainda mais agradável, desde o bom serviço, bom wifi, um óptimo duche quente, bom pequeno almoço e uma localização perto do centro, conveniente e calma. Único senão são os quartos um pouco escuros, vítimas da arquitectura tradicional colonial. Em todo o caso, nada que afecte o prazer de aqui ficar!