Como vos contei há algumas semanas, o rugby teve um papel muito importante na minha vida, e em grande medida formou o meu carácter, valores e forma de encarar a vida. E não somente em coisas como a camaradagem, disciplina e valores morais, mas também em outras coisas como espírito de sacríficio para atingir um objectivo, independementemente das dificuldades, cansaço ou dor. Este é o lado positivo. Por outro sou um discíplo da escola, se dói força, no pain no gain. Posso dizer que sou um bruto do rugby, que sempre preferiu uma barra de musculação a um sessão de estiramentos, um cocktail de comprimidos ao descanso, ou lesão mal curada para poder jogar no fim de semana seguinte.
Porém há um dia em que o nosso corpo, cansado de tantos maus tratos, tanta preserverança, tanto “no pain no gain” “ se dói força” recusa-se a dar mais um passo, e colapsa. Foi o que me aconteceu em Hanoi, quando após duas semanas de avisos de dores de costas com lançamentos na perna, tive uma crise ciática aguda, que após 4 dias imobilizado ao hotel (mais uma vez, a tentar evitar um tratamento adequado) me forçou a passar uma semana ao hospital, para controlar a inflamação com medicação fortíssima, via intra venosa….
Como chegou a este ponto…
Claro que um episódio destes não surge do nada. Tenho um historial de problema de costas, tendo descoberto há 4 anos que tinha duas hérnias discais. Após o pânico inicial desta descoberta, apercebi-me que há imensas pessoas que vivem com hérnias discais, mas que têm de lhes dar amor e carinho. E como é que se dá amor e carinho a uma hérnia? Basicamente fazendo muitos alongamentos e desporto, especialmente natação e ciclismo, que fortalecem as costas, ajudam a manter a coluna no sítio e não deixam a hérnia mexer ou causar dor. E durante 4 anos fui dando mais ou menos amor à minha hérnia, especialemente no último ano, quando comecei a treinar para triatlos, o que me obrigou a nadar muito, o que fez desaparecer completamente os meus problemas de costas!
Porém, 3 meses antes do início da viagem, parei completamente de fazer desporto por ter imenso trabalho e estar super ocupado com as preparações da viagem (e claro, uma boa dose de desleixo à mistura!). As dores de costas foram voltando progressivamente e dias antes de partir tive mesmo que ir a um médico….Durante a viagem as coisas foram tendo os seus altos e baixos, consoante a quantidade de longas viagens que tínhamos de fazer, os dias de descanso que tínhamos ou a quantidade de alongamentos que fazia…Até que uma sessão de vários dias seguidos com bastantes viagens longas, um fim de semana de caminhadas em Sapa e uma viagem no comboio nocturno Sapa-Hanoi foi a última gota num copo já a transbordar…Olhando para trás, sinto-me culpado, estúpido, bronco, bruto, de não ter tomado melhor conta do meu corpo, especialmente num ambiente diferente e difícil que é viajar constantemente….
E agora?
Bom, agora é altura de olhar em frente: Após duas semanas na cama a crise está controlada e a dor passou em grande parte, mas o meu nervo ciático foi tão mal tratado que tenho dificuldades em andar, e vou precisar duma semana de alongamentos e exercícios de reabilitação para conseguir voltar a andar normalmente,

O que é que isto significa para a nossa viagem? perdemos duas semanas, e nesta altura deveríamos ter passado por Singapura e talvez voltar à Tailândia para aproveitar um pouco melhor as ilhas… Assim que estiver recuperado, vamos ter que abrandar um pouco o ritmo, para poder refortalecer as costas e assegurar-me que não vou voltar a ter problemas durante a viagem. Sendo assim devemos ir passar uns 15 dias às praias tailandesas para poder nadar todos os dias. A Indonésia, próximo destino vai ser também feito em modo Chill Out. Provavelemente vamos nos basear em Bali e fazer pequenas viagens. O plano é que a partir de Janeiro esteja 100% recuperado para atacar Australia, Nova Zelandia e América do Sul em grande forma!
Ah, e uma grande mudança é que vamos deixar de fazer backpacking…vamos fazer suitcasing! As minhas costinhas vão ter que descansar durante um bocado e vamos trocar, pelo menos durante alguns meses, as nossas mochilas por malas com rodinhas! Ah, la classe! Já ouviram falar de flashpacking, o backpacker que viaja com todos os gadgets e mordomias. Pois bem, a partir de agora sou um deles. Living it large, eu e a minha samsonite falsificada comprada em Hanoi!
Seguro de Viagens é algo OBRIGATÓRIO!
Entretanto, o que vos posso dizer é que este episódio só mostra a importância de ter um seguro de viagens em condições! A minha passagem pelo hospital custou a módica quantia de 4000 euros, 100% coberto pelo seguro de saúde. Tendo em conta que pagámos 800 euros, por estar cobertos durante um ano para duas pessoas, é uma escolha fácil de fazer! Normalmente para estas grandes viagens o seguro que toda a gente recomenda é o World Nomads, que cobre tudo e mais alguma coisa, incluindo bastantes desportos radicais. Na minha última grande viagem foi o que utilizei, mas nunca precisei de o activar. O Filipe Morato Gomes teve um episódio infeliz que conta aqui e como a World Nomads teve à altura da situação!
No meu caso particular, e depois de ter feito as minhas análises acabei por escolher outro seguro: o Chapka Direct, que apesar de estar baseado em França, tem toda a documentação e apoio também em Inglês. Como pude comprovar a cobertura médica funciona muito bem, e muito importante, há cobertura contra roubos, super importante quando se viaja com máquinas fotográficas e computadores! Dado que o preço é quase metade do World Nomads, e a cobertura que oferecem, apesar de não ser tão grande parece-me ser suficiente. Em todo caso, até agora, não desiludiu!
Life Changing Moment
Hanoi vai estar para mim sempre associado a este episódio. Porém este nome vai ter, não uma conotação negativa mas sim de um marco positivo na minha vida: que a partir de hoje tenho que ouvir o meu corpo e parar de forçar. Que é preciso dar-lhe amor e carinho porque com a idade as coisas só podem piorar se não lhes der-mos a devida atenção. Que fazer desporto, estiramentos deixou de ser uma opção mas que é uma obrigação. E acima de tudo, Hanoi vai estar associado para sempre ao apoio que a Hélène me deu durante todos estes dias, num dos piores episódios que já passei. São este tipo de episódios que fazem os casais, que os aproximam ainda mais e mostram como uma grande viagem destas a dois é a melhor coisa para um casal!