O dia começou cedo…apesar de não tão cedo quanto deveria ter sido! Tal como na pesca, em Safaris, o melhor peixe apanha-se de manhazinha cedo, ao nascer do sol, quando ainda está fresco e os predadores ainda estão activos, antes de se porem a dormir o resto do dia. Estávamos em Hazyview, uma das melhores bases para explorar o Kruger, pela sua proximidade duma das entradas ( Phabeni) e oferta de hotéis.
Eram 08h da manhã e estávamos a entrar no Parque, depois de termos pago os 500 Rands de entrada para duas pessoas (33 Euros).
O meu estado de espírito? Por um lado estávamos a entrar no mítico Kruger! Por outro lado, era já o nosso terceiro safari em 2 meses de viagem, pelo que aquele magia do primeiro encontro com o mundo animal, com os big 5, já tinha passado! Porém, faltavam-nos ainda ver uns poucos de animais: hienas, leopardos, chitas, hipopótamos, cães selvagens, para além de ver um leão de perto.
Foi então com estes objectivos precisos que entrámos no parque, com um sentimento de estarmos já um pouco calejados nestas andanças! Parar para ver antílopes ou zebras? Para turistas! Girafas? Só de muito perto! Andávamos à procura da caça grossa, não em tamanho, mas sim em dificuldade! Mesmo os elefantes, depois de os termos visto de perto em Addo não parávamos muito tempo, apesar de, na minha opinião, serem os animais mais fascinantes de observar!
Entrando pelo portão de Phabeni, fizemos uma volta clássica indo até Skokuza, a principal base dentro do Kruger, e descendo depois até Lower Sabie, ao longo do rio Sabie,Andámos sempre por estradas alcatroadas, um pouco para poupar o nosso Chevrolet minúsculo e também porque nos garantiram que este era um percurso com fama de ser dos melhores para ver animais.
O primeiro encontro com animais (tirando bambies e antílopes, estes são tantos que não contam) foi um que não estava na nossa lista de objectivos mas foi uma agradável surpresa: Abutres. Dezenas deles, empoleirados numa árvore. Ao longe, víamos muitos a voar em círculo, certamente à espera da sua vez, até que algum predador acabasse de comer um dos animais caçados durante a noite.
Depois foi a vez de ver uma manada de elefantes ao longe. Vendo que estavam a andar na direção da estrada, aplicámos uma astúcia que aprendemos com o guia em Addo, e parámos o carro no sítio onde prevíamos que iriam passar a estrada. Ao fim de 5 minutos, pudémos ver os elefantes a aproximarem-se da estrada, pertíssimo do nosso carro, tendo atravessado mesmo à nossa frente! Mágico (e um pouco assustador! A verdade é que o elefante é o animal mais perigoso para um turista que visite o parque dentro do seu carro. É o único que tem a força suficiente para fazer danos sérios num carro e mesmo virá-lo ao contrário!)
A manhã começava já a aproximar-se do fim, e um pouco antes de pararmos para almoçar, finalmente vimos um dos animais que mais queríamos ver: hipópotamos. Estes são relativamente fáceis de ver no Kruger, normalmente dentro de água, com os olhos, orelhas, grandes narinas de fora da água, e por vezes também com parte das costas, que numa primeira vista rápida se podem confundir com rochas!
Depois duma breve pausa para um almoço de pic nic, onde um macaco aproveitou a nossa desatenção e saltou do nada para a nossa mesa e em 5 segundos tinha partido com o saco do lixo. Foi-se pôr 10 metros mais à frente, onde num ápice rompeu o saco e comeu o resto duma sandwiche apressadamente, antes dum dos funcionários do parque o ter afugentado com um cabo de vassoura!!
Entrávamos agora na hora crítica, no pico do calor, onde a maioria dos animais, especialmente os felinos, ficam quietinhos e deitados, à sombra, a descansar… é nestas altura também que o cansaço de andar a conduzir o dia inteiro, tendo acordado cedo se começa a instalar-se! É preciso manter o espírito positivo e não ficar frustado de ver pouca coisa!
Até que vimos uma dezena de carros parados à beira estrada. Tantos carros só pode querer dizer uma coisa…leão…ou algo do género! Ao que parece eram duas chitas, que estavam atrás duma árvore. Não nos conseguimos aproximar muito com tantos carros, e ao fim de 20 minutos à espera dum melhor ângulo ou que elas mudassem de posição resolvemos partir. (este é um dos inconvenientes dum Safari num parque “ público”: por um lado muitos carros, e por outro, não podemos nos aproximar dos animais de carro, sendo obrigatório permanecer na estrada!)
O dia começava a aproximar-se do fim e era altura de sair do parque, porque a hora limite de saída é a hora do pôr do sol, para quem não tenha reservado dentro do parque. ( para quem consiga reservar dentro do parque, esta é a melhor alternativa, já que permite ver os animais ao amanhecer e anoitecer, bem no meio do parque, algo impossível para quem fica a dormir fora).
Mas já perto da saída, um carro estava parado à beira da estrada e os 4 ocupantes olhavam todos para a mesma direção….uma hiena! Mesmo ali, pertíssimo. Mas ao fim de 10 segundos, partiu, sem dizer nem ai nem ui. Foi pouco tempo, mas foi uma sorte a ter visto!
No caminho de saída, uma girafa ainda nos veio dizer adeus, caminhando à frente do nosso carro, durante uns bons metros! Ao sair do parque, fomos ainda brindados com um daqueles pôr de sol Africanos…
Tinha sido um dia bom. Vimos hipopótamos, uma hiena, elefantes e girafas de perto, para além de imensas zebras e facóceros. Não vímos leões, leopardos, rinocerontes ou búfalos. Iria ter de ficar para o próximo dia!
Em Hazyview ficámos num backpackers completamente diferente de qualquer outra em que já tive. O Hazyview Adventure Backpackers é uma espécie de acampamento, onde cada quarto duplo é na realidade uma tenda bastante grade, com uma cama de dentro, e com um estrado de madeira e um toldo por cima da tenda. Os chuveiros e casas de banho são comuns mas super limpos e surpreendentemente não havia mosquitos! Este hostel é uma boa alternativa budget para quem não conseguir ficar dentro do parque, estando a cerca de 20 minutos do Gate de Phabeni. (ps: tem piscina! : )
Declaração de interesses: Ficámos no Haziview Adventure Backpackers, com 50% de desconto. Como sempre a opinião aqui expressa é a nossa.