As 5 Terre, um dos postais do Turismo Italiano, lá em cima juntamente com sítios emblemáticos como a Toscânia ou Lago de Como, estavam na minha to do list há já quase 5 anos, desde que cheguei ao Sul de França. Este fim de semana tive a oportunidade de finalmente ir conhecer estas 5 terrinhas e só posso dizer que valeu a espera!
Chegámos a Levanto sexta à noitinha, depois de uma viagem de carro de três horas e meia, vindos de Antibes, pela estrada da morte, como carinhosamente chamo à auto estrada que desce a costa italiana, vinda da fronteira francesa, pelas suas curvas apertadas e condutores italianos amalucados (mas com a grande vantagem de as descargas de adrenalina constantes nos manterem acordados)! Levanto, uma cidadezinha italiana simpática, situada mesmo antes das 5 Terre é uma base ideal para explorar as 5 Terre. (PortoVenere, uma pitoresca aldeia é outra excelente alternativa. La Spezzia, a sul das 5 Terre, é outra base possível,com muita oferta hoteleira apesar de ser uma cidade industrial algo feia.)
Sábado de manhã fomos brindados com um sol magnífico! Começámos o dia cedinho, direção estação de caminho de ferro para apanhar o comboio para as Cinque Terre, com planos de alternar caminhadas e percursos em comboio. Mas ao chegarmos à estação soubemos que todos os caminhos pedestres entres as terre estavam fechados, devido às chuvadas recentes e ao mar bravo, que tornavam os percursos à beira mar perigosos! É o que sucede normalmente no Inverno, por isso para aproveitar ao máximo desta região a melhor altura é mesmo visitar em Maio/Junho ou fins de Setembro. Os meses de Verão são caóticos com hordas de turistas a invadir as ruas estreitas das 5 Terres e a encher os comboios de ligação tipo metro de Tokyo!
Um pouco desiludidos resignámo-nos a fazer a descoberta apenas em comboio, que é a maneira mais prática e confortável de visitar as 5 Terre. O percurso entre as Terre é muito rápido, nem 5 minutos entre cada uma, e feito dentro de túneis a maior parte do tempo, sem grandes oportunidades de apreciar a paisagem. (para paisagem fazer os caminhos pedestres, ou melhor ainda barco, se o mar o permitir.)

Entrando pelo Norte, começámos a ver as 5 Terre por Monterroso, a maior das 5 Terre, e ainda facilmente acessível por carro. (uma das coisas que descobri foi que, contrariamente à crença comum, todas as cinque terre são acessíveis por carro, apesar de ser a pior opção, já que o percurso é longo e sinuoso, com muito pouco estacionamento disponível). Apesar de ser uma aldeia pitoresca, com um bonito castelo à beira mar, e um convento no topo duma colina com excelentes vistas, não é a clássica vila de 5 Terre que imaginamos.
Mas chegando a Vernazza, a terre seguinte, imediatamente reconhecemos as imagens dos postais! Esta vila, é provavelmente a mais pitoresca de todas as Terre, com o seu pequeno porto rodeado das casas longas e multicolores, encavalitadas umas nas outras, numa balbúrdia arquitectónica tão mediterrânica! Subindo um pouco a colina sobranceira, fazendo o início da caminho pedestre na direção de Monterroso, tem-se uma vista espectacular sobre Vernazza, sendo o sítio ideal para tirar fotos. Esta terre também é um bom sítio para se fazer um pic nic, num dos bancos ou muros do porto, ou se as ondas permitirem, no paredão do porto.

Corniglia, entre Vernazza e Manarola, é o patinho feio das cinque terre, talvez por estar encrostada no topo duma ravina e não à beira mar. Talvez os 390 degraus que temos de subir para lá chegar criem expectativas ou aumentem o nosso nível de exigência! Mas é agradável caminharmos pelas ruelas simpáticas e chegar ao topo e apreciar a vista magnífica sobre a linha de costa, e ver ao longe as outras terre. Também me pareceu ser um bom sítio para almoçar, para quem quiser comer em restaurantes, com várias opções!

Tínhamos previsto visitar as 5 Terre em dois dias, mas como ficámos privados das caminhadas, demos por nós a acabar de visitar Corniglia, a terceira tarde e ser apenas 3 da tarde, sem nunca nos termos apressado e começado não muito cedo, às 10h da manhã. Resolvemos então continuar e visitar as 2 terre que faltavam. É um pouco cansativo, mas se tiverem pouco tempo é perfeitamente doable fazer as cinque terre num só dia, de comboio. (se tiverem mesmo muito pouco tempo, e só poderem ver algumas terre, recomendo Monterroso, Vernazza e RioMaggiore)
Manarola, foi recentemente considerada pela revista Conde Naste, como uma das aldeias costeiras mais pitorescas de Itália, o que talvez seja injusto para Vernazza e para Riomaggiore! Manarola é bastante semelhante a Vernazza, com a estação de comboio situada no topo da colina, de onde desce a rua principal da aldeia até desembocar num porto estreito, rodeado de casario alto, amarelo, vermelho, rosa choque, criando uma espécie de muralha em tijolo arco iris de braços abertos para o mar!

Eram 16h40 quando tomámos o comboio para Riomaggiore, a última das terre para quem vem de Norte. A par de Vernazza, foi a minha terre favorita, com a aldeia a descer abruptamente sobre o mar, com um pequeno porto rodeado de casas e rochedos. A luz do lusco fusco, ao bater no mar e na aldeia cria também um efeito mágico, ideal para se sentar e desfrutar do final do dia!

As 5 Terre estiveram claramente à altura das expectativas, que eram grandes! Apesar da desilusão dos caminhos estarem fechados, tivémos sorte com o tempo, com um sol de Fevereiro magnífico. Visitar em Fevereiro também tem a vantagem de haver muitos poucos turistas e de se poder aproveitar as terre com bastante tranquilidade. Porém, por ser época baixa, muitas lojas e restaurantes estão fechadas, o que dá um ar um pouco triste.

O que faria de diferente? O que vos aconselho? Tentem vir em princípios de Junho ou em Setembro, para aproveitarem os caminhos e para dar um mergulho quando vos apetecer. Tentem ficar a dormir numa das terre. Será mais caro e com menos oferta, mas poderão aproveitar do fim do dia com menos turistas e da iluminação noturna. Tentem ficar pelo menos dois dias, idealmente três. As cinque Terre é daqueles sítios que compensa experienciar, não somente visitar. Aproveitar as caminhadas e os diferentes pontos de vista sobre as Terre. Apreciar a luminosidade única do nascer e pôr do sol a bater no mar e nas casinhas. Enfim, viver as cinque terre!

Detalhes Práticos:
Como chegar: A Ryanair voa de Lisboa para Pisa, de onde se pode apanhar um comboio de 1 hora para La Spezia e daí comboios locais para as Cinque Terre.
Transporte nas Cinque Terre: Decidimos não comprar o Passe Diário de Comboio(12€), que apesar de ser prático acaba por ficar mais caro do que comprar uma combinação dum bilhete de 40 km, com duração de 6 horas e válido no mesmo sentido(4€)+um bilhete extra para o fim do dia, depois das 6 horas terem expirado (1.8€)+ um bilhete de regresso (2€). Há comboios frequentes, a cada 30 minutos mais ao menos, mas convém pedir um horário no posto de turismo para ajustar o tempo de visita de cada terre à passagem do comboio.
Onde ficar: Há bastante oferta hoteleira em Levanto e La Spezzia. Eu encontrei um apartamento no AirBnb, que também tem alguma oferta.
Onde comemos: Aconselhados pela proprietária do nosso apartamento fomos ao Antica Pizzeria Ristorante Miki, em Levanto. Estava à pinha de gente local o que é um bom sinal e nos criou grandes expectativas. Infelizmente o serviço foi muito demorado e a comida apesar de boa não esteve à altura das expectativas que tínhamos criado ao ver tantos locais (e do tempo que esperámos!) Mas estaria disposto a dar-lhe uma segunda oportunidade. Durante o dia vimos alguns sítios que nos deixaram água na boca: Da Eraldo em Monterosso , a Enoteca Il Pirun e a Cantina de Mananan em Corniglia.
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